sexta-feira, 5 de setembro de 2008

Puno: capital do folclore peruano e lago Titikaka

O hotel Libertador onde tentamos ficar é, simplesmente, cinco estrelas: ainda bem que não nos aceitaram! Localiza-se no alto de uma península, de longe parece um grande navio branco, pertenceu ao governo, foi privatizado por Fujimori e nativos, ali, só entram a trabalho, devidamente identificados.
Mas estamos muito bem estacionados na Pousada Sonesta Del Inca (Av. Sesquicentenario, 610 - Huaje), à beira do lago, com funcionários uniformizados e acomodações em alto padrão embora a identifiquem apenas como três estrelas. Diária de U$ 15 (por equipamento) com luz e água (S°15 49.436’ W070° 00319’).


Aqui, lembramos da primeira vez em que o Vitor se hospedou num hotel (ele praticamente só conhecia trailer e MH), quando, sentindo-se muito importante, ao entrar no apartamento pegou o telefone e pediu um cheese qualquer coisa com a maior alegria. Assim nos sentimos!

Noite muito fria, mas o aquecedor nos ajuda. Terça de manhã, faxina, à tarde fomos conhecer o centro que não é grande coisa. Ali também não conseguimos um mapa carreteiro do Peru. Voltamos e jantamos no hotel: trucha (eu) e alpaca (Re), mas só tomamos cerveja porque os vinhos estão absurdamente caros: quem mandou se meter entre os ricos europeus!



No alto, fogos nas totoras velhas = polêmica com os ambientalistas....

Puno 2

Na quarta-feira, das 7h às 17h45min (no horário deles) fomos conhecer as ilhas flutuantes de Uros e Taquile (162 soles por casal). O lago Titikaka que une o Peru a Bolívia tem 190 km na sua largura maior, com uma profundidade máxima de 283m. É considerado o lago navegável mais alto do mundo. Possui várias ilhas, mas visitamos as duas consideradas mais típicas e/ou diferentes: a de Uros (há 10 km do porto, um conjunto de 44 pequenas ilhas flutuantes de totora, uma espécie de junco comestível) e a de Taquile (de terra firme, com uma linda paisagem e tradições ancestrais).

Descemos numa destas ilhotas flutuantes (cada uma é de uma família): ali nos dão explicações sobre a rotina destas famílias. Depois cada casal escolhe o/os turista/s para visitar sua casa com direito a vestir suas roupas/fotografar (sem pagar). Depois oferecem seu artesanato (ali compramos unas cositas). São bem preparados para tudo isso (aqui o SEBRAE é desnecessário) e, tanto soles quanto dólares são moedas correntes: tem que pechinchar coisa que o Renato faz bem.


Na verdade o último Uro morreu na década de 60. Hoje são os aimarás que a habitam. Ainda visitamos mais uma ilha, desta vez, num barco de totora. Tanto as mulheres adultas quanto as crianças tentam agradar os turistas cantando em diversos idiomas (menos o português, é claro!).


Ilha de Taquille/Puno 3 PE

Depois seguimos para Taquile numa longa viagem (nosso barco é lento). Reforço no protetor solar, água, folha de coca e um cochilo até chegarmos: ali somos avisados que teremos que subir uma trilha de uns 500 metros depois seguir mais um pouco no plano até o centro da aldeia para almoçarmos (lembrei a foto da Vera/De Paris)...
Só que foi muito pior do que imaginávamos: os nativos estavam desde ayer (ontem), em mutirão, reformando a trilha, o que nos fez passar por vários terraços, muita areia, aumentando em 40’ minutos a caminhada que já não é pequena (a sorte é que o mal das alturas estava sob controle)!

Enquanto percorremos, é um sobe e desce de quéchuas enrolando lãs (só pra turista ver, pois até novelo industrializado vimos ser enrolado como tradicional), trazendo areia e pedras para a trilha: uma loucura! No centro, homens tricotando capuz com quatro agulhas (tb pra turista ver, pois quem tricota sabe que é impossível caminhar tecendo motivos com mais de cinco cores de lã). A vestimenta indica o estado civil de homens e mulheres bem como a hierarquia do grupo. Os chefes são eleitos anualmente pelos seus pares.


Mais um caminhadinha e, finalmente, o almoço: conosco estavam italianos, poloneses, uruguaias e uma argentina. Podíamos escolher entre dois pratos principais: truta ou omelete.


Depois, mais uma trilha, uma descida íngreme até o porto principal onde o barco nos esperava (deixando-nos na pousada).


Chegamos mortos e sem condições de internet: jantamos na pousada (tomamos pisco sour, uma delícia).