Vitor Gonçalves CLube Autocaravanista Saloio
“Boa noite.
Estive de férias em Espanha, em La Manga del Mar Menor, sempre em parque de campismo, pois estava com a minha esposa e os meus dois filhos pequenos, de 6 e 4 anos.
Para regressar a Portugal, decidimos dividir a viagem a meio e paramos em Madrid pernoitando noutro parque de campismo, com o objectivo de sair na manhã seguinte para visitar o Jardim Zoológico dessa cidade. Assim fizemos, após recebermos conselho do funcionário do parque para levarmos a autocaravana, pois já ficaríamos mais perto de Portugal, além de existirem muitos parques de estacionamento na zona, segundo a mesma fonte. Já em frente ao Zoo, um funcionário orientou-nos para estacionar num parque próprio para grandes veículos, a cerca de 300 metros da porta de entrada do zoo. Quem conhece o Zoo sabe que é uma zona muito movimentada, com diversas tendas de venda de doces, jornais, balões, etc. Ainda assim deixei a AC toda trancada com alarme, janelas e portas bem fechadas, nada à vista porque apendi desde pequeno a não deixar nada à vista no carro do meu Pai.
Entramos cerca das 10 horas da manhã (em Portugal) e estivemos no parque até às 18 horas Portuguesas. Ao sair pela bilheteira, olhamos para o sítio onde a nossa AC deveria estar (pois era mesmo muito perto) e verificamos que ela não estava lá. Foi um enorme choque, a primeira esperança foi que tivesse sido rebocada pela polícia por algum motivo desconhecido. Ligamos para a Polícia a participar o desaparecimento, pedimos que viessem depressa por causa dos nossos filhos. Foram momentos de muito sofrimento, os miúdos não conseguiam compreender o que estava a acontecer, principalmente o de 6 anos, pois estava muito assustado.
Ficamos ali, na rua, com a roupa do corpo… Os polícias foram chegando, um carro… depois outro e mais tarde ainda um terceiro com dois polícias à paisana que nos levaram para a esquadra, após terem a confirmação de que a AC não havia sido rebocada.
Prestamos depoimento, saímos da esquadra cerca das 23horas, sem lanchar, sem jantar, sem casacos, sem nada...
Os miúdos mantinham uma calma incompreensível, tinham o pânico reflectido no seu olhar e nós impotentes, nada podíamos fazer. Procuramos alojamento durante duas horas, a pé! Ainda assim, só conseguimos encontrar onde dormir com a ajuda de um casal espanhol que viu o nosso desespero e caminhou connosco cerca de 1 hora, só nos deixando após fazer o checK-in. Estamos-lhes eternamente gratos.
Cerca da 1 da manhã, deixei a minha esposa com os miúdos no quarto e fui á rua tentar comprar algo para lhes dar de comer.
Por sorte a minha esposa tinha o seu telemóvel na bolsa que veio a ser muito útil para contactar a assistência em viagem.
Após muita espera e sofrimento viemos para Portugal num carro alugado. Uma viagem muito difícil, com um ambiente de cortar à faca, em que os meus filhos foram os que mais sofreram, pois infelizmente naqueles momentos nós não conseguimos manter a calma que eles precisavam.
Isto sucedeu no dia 14 de Julho de 2012, passados estes 2 meses nada sabemos… Eu e a minha esposa estamos a tomar antidepressivos. Para além de termos ficado sem uma parte de nós, também nos levaram as chaves de casa, dos nossos 2 veículos, é um sofrimento constante…
A nossa AC é uma Ford Ducato Burstner de 1999 com matrícula 23-92-OC, com 2 beliches. Pode estar abandonada num sítio qualquer, se a virem, por favor, entrem em contacto com a Polícia, ou para o meu telm. 968701631.
Pelo menos que este depoimento sirva para que outros tomem medidas de protecção para que não lhes aconteça o mesmo.
Custa muito falar nisto mas temos que ser uns para os outro obrigado a todos.”
